“Estamos arrasados com toda a situação. Não tem explicação, nunca imaginei”, desabafou, emocionado, Adriano Araújo, 37 anos, tio da bebê que morreu após ser maltratada pelos pais no Distrito Federal. Embaixo de chuva, o corpo da pequena Esther começou a ser velado por volta das 13h desta quarta-feira (7/11), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul.

A cerimônia pequena para poucos parentes e amigos da família atraiu também quem se comoveu com o caso. A menina será enterrada às 17h. Para Adriano, o “sentimento que fica é de enorme tristeza”. Nos últimos dias, ele conta que “só orava para que tudo desse certo”. “Batalhei o quanto pude pela vida dela. O momento agora é de luto.”

O tio diz que a história, no entanto, não acaba por aqui. Só “sossegará quando ouvir o que o irmão, pai de Esther, tem a dizer”. “Ele vai ter que pagar pelo que fez. Serão semanas angustiantes até que possa conversar com ele.”

Segundo Adriano, os últimos dias têm sido de tirar o sono. “Só descansava a cabeça quando estava com meus filhos. Não consegui trabalhar e até para dormir ficou complicado.”

Responsável

A liberação do corpo atrasou devido a entraves burocráticos para a nomeação do responsável pela menina. Com os pais presos, o tio da criança teve de correr atrás da documentação e de autorizações para proceder com os preparativos do sepultamento.

O estado de saúde da pequena Esther verificado quando ela deu entrada no Hospital Regional de Sobradinho (HRS), depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória, chocou o Distrito Federal. Os médicos da unidade encontraram a criança desnutrida, com fraturas antigas já calcificadas e queimaduras no rosto e na região genital.

O pai, Anderson Gustavo de Araújo Barbosa, de 29 anos, e a mãe, Elizana Pereira da Costa, de 23, foram presos em flagrante logo após a equipe médica do HRS constatar os ferimentos e acionar a polícia, em 29 de outubro. No dia seguinte, o juiz Aragonê Fernandes, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), converteu a prisão de ambos em preventiva.

“Quando ficava sem paciência, jogava a bebê no chão”. A frase foi dita pela mãe da pequena Esther a uma agente da Polícia Civil no dia em que a acusada foi presa em flagrante suspeita de maus-tratos contra a filha. Os pais da criança tiveram a prisão preventiva decretada e foram indiciados por feminicídio. Se condenados, podem pegar até 30 anos de cadeia.

Metrópoles
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