Campina Grande vai ter pela primeira vez em sua história uma vereadora negra. Trata-se de Jô Oliveira, do PCdoB, que tem 39 anos e conquistou 3.050 votos no último domingo (15), o que fez dela a sexta candidata mais votada do município. Jô é formada em Serviço Social pela Universidade Estadual da Paraíba, mesma instituição onde finalizou o seu mestrado. E remonta desse período o seu interesse pela política.
“É no movimento estudantil que a gente começa a dialogar com o movimento de mulheres, de jovens, a debater a questão racial, que a gente vai se constituindo como agente político. Que vai entender a importância de conquistar os espaços públicos”, pontuou Jô, enfatizando em seguida que o parlamento é um desses espaços estratégicos.
Ainda no domingo, ela se dizia emocionada. Chegou a anunciar em post numa rede social que tinha sido eleita com 3.059 votos. Depois, comentou, ainda atordoada: "Minha gente, eu estava tão emocionada que errei até a nossa votação, então, como correção: 3.050 votos! Agora bateu a realidade... Não consigo parar de chorar".
Em conversa com a reportagem nesta terça-feira (15), ela enfatizou alguns pontos importantes sobre si mesma. Por exemplo, registra que é “nascida e criada em Campina Grande”, com uma relação estreita com a região da Feira Central de Campina Grande. “Nasci no Isea, morei ali por perto. Vivi pelo entorno da feira”, comenta orgulhosa.
Mais cedo, em entrevista à TV Paraíba, outras características já tinha sido registradas e que ao mesmo tempo a diferenciava da tradição política do município: “As pessoas que estão nesses lugares, seja na Prefeitura, seja na Câmara dos Vereadores, têm uma tradição familiar, do nome, e aí a gente foge exatamente dessa regra por ser uma mulher preta, filha de uma trabalhadora doméstica, hoje aposentada”.
A vereadora eleita pelo PCdoB enfatiza, inclusive, que a campanha foi pensada nas articulações coletivas, nas conversas entre pessoas que acreditavam no projeto. Como fonte de recursos, um pouco do fundo partidário, um pouco que saiu de uma vaquinha, nada mais.
“Não fazemos parte de um superpartido, não temos relação familiar que pudesse turbinar financeiramente a campanha. Mas, ao mesmo tempo, foi uma campanha muito articulada”, comemora.
A ideia de se candidatar como um nome alternativo em uma cidade historicamente mais conservadora surgiu em 2015. No ano seguinte, foi candidata pela primeira vez. Conquistou 1.544 votos, ficou na primeira suplência, mas não chegou a assumir o mandato em nenhum momento ao longo dos quatro anos. Agora em 2020, a segunda tentativa. E quase duas vezes mais votos conquistados.
Com posse prevista para 1º de janeiro de 2021, ela promete fazer um acompanhamento contínuo sobre aquilo que pode influenciar a vida dos campinenses. "Temos a possibilidade de trazer pautas que não estão no dia a dia da casa", frisou.
Depois, explica que pretende realizar um mandato plural, sem centrar numa única pauta, mas propondo um debate sobre mulheres, questões raciais, cultura, saúde pública, cidade segura, entre outras questões.
“Vamos estimular o debate, levantar demandas, apresentar soluções para um conjunto de propostas que foram construídas coletivamente por pessoas que não se sentiam representadas na Câmara”, explica Jô.
Em meio à entrevista, ela ainda comentou um pouco sobre como foram os últimos dias. “Meu WhatsApp está uma loucura. Desde domingo que eu não paro”, comentou sorrindo.
G1 PB
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