Diabão Faro do Prado. É esse o nome que consta na carteira de identidade do tatuador brasileiro que está no Guinness Book pelo maior número número de implantes na cabeça. Antes Michel Praddo, como fora registrado pelos pais, Diabão conquistou na Justiça o direito de oficializar o que era apenas apelido.

"Eu percebi que já não era mais a mesma pessoa, tanto por dentro como por fora. Me sinto realizado", disse Diabão, que agora tem o documento com nome e foto atualizados.

O morador de Praia Grande, no litoral de São Paulo, explicou que Diabão foi adotado há anos, depois de sofrer preconceito nas ruas por conta de tatuagens e piercings. Isso antes das dezenas de modificações corporais e a popularização do 'apelido'.

A ideia de mudar de nome, de acordo com ele, surgiu há aproximadamente dois anos, quando entrou com um processo na Justiça.

A decisão garantindo a ele a troca de nome na trocar a certidão de nascimento saiu em abril de 2024, mas só agora atualizou o RG.

"Foi uma realização muito grande, pois realmente não me vejo mais como Michel, mas totalmente como o Diabão, que, inclusive, é uma pessoa altamente cristã", explicou o tatuador quando trocou o nome na certidão.

Ao g1, Diabão explicou que estava com muitos compromissos e, por este motivo, demorou para emitir a nova carteira de identidade. De acordo com o tatuador, o próximo passo é colocar o novo nome no passaporte.

Visual e fé

Diabão ressaltou que, apesar do visual 'sinistro', não se submete às modificações corporais com o intuito de parecer uma figura maligna. Cristão, ele acredita que o 'Diabo' não possui a imagem caricata e reproduzida popularmente com chifres e garras, mas sim um visual considerado 'bonito'.

"As pessoas têm essa ideia porque veem a minha modificação dentro do 'sinistro', que é algo que me atrai. Alguns acreditam que quero parecer com o 'Diabo' ou que tenha uma religiosidade satânica, mas é o contrário disso", afirmou.

Michel e Diabão

Por fim, o tatuador afirmou que a mudança de nome conclui uma fase na vida dele. O apelido "Diabão'' conduziu uma etapa de mudanças de hábitos e atitudes.

"O Michel foi uma pessoa que abandonou o pai no hospital até a morte, e então aprendi que existe uma dor maior do que a saudade, que é o remorso. Já o Diabão é a pessoa que cuidou de uma vizinha, uma senhorinha que no início demonstrava medo, mas depois se tornou minha 'vozinha'", disse.

Diabão complementou dizendo que, hoje, sente-se completo com a própria identidade. "Aprendi muito com quem eu era e realmente me tornei uma outra pessoa", finalizou.

O que diz a lei?

A lei federal 14.382/22 facilitou a mudança do primeiro nome sem necessidade de justificativa. Apesar da diminuição nas restrições, a alteração do primeiro nome só pode ser feita uma vez. Para desfazê-la, é necessária uma ação judicial.

Para solicitar a mudança, é preciso ir presencialmente a um Cartório de Registro Civil. O interessado precisa ser maior de 18 anos, levar os documentos pessoais (RG e CPF), e pagar a taxa.

g1
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