Uma questão de física do segundo dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024 pode ser anulada por um erro na elaboração do contexto do enunciado, segundo professores ouvidos pelo g1.
A questão cita uma cafeteira elétrica e pede que o candidato indique a eficiência energética do equipamento. É a pergunta de número 124 no caderno verde, 100 no cinza, 129 no azul e 102 no caderno amarelo.
A sinalização foi feita inicialmente ao g1 por Leonardo Gomes, professor do Descomplica, e depois confirmada por professores do Curso Anglo, do Elite Rede de Ensino e da Plataforma Professor Ferreto.
"Quando se calcula a eficiência, divide-se a potência útil pela potência total. A potência total vem informada na caixa da cafeteira, o que chamamos de potência nominal, que é aquela que está no equipamento", explica Leonardo Gomes.
O professor lembra que o enunciado da questão cita que o equipamento tinha 700 watts. "Mas, devido a algumas perdas, como calor fora do sistema, barulho que possa fazer, outras perdas que a cafeteira pode ter, a potência real, que vai de fato ser utilizada, tem que ser menor considerando essas perdas", afirma.
Leonardo conta que, ao fazer o cálculo de potência útil, o resultado era maior do que o informado na caixa. "Para achar a resposta, era preciso fazer a razão ao contrário, que foi o que eu fiz para ter experiência de prova, mas a questão não está correta", conta Leonardo Gomes.
Segundo Madson Molina, professor de física do Curso Anglo, existe uma "falha conceitual" na formulação da questão.
"Quando você calcula a potência da cafeteira com os dados do enunciado, a gente encontra um valor de 933 watts. Esse valor é acima da potência total fornecida pelo enunciado da cafeteira de 700 watts. Em suma, a questão propõe uma máquina cuja potência total é de 700 watts e quando a gente calcula a potência útil de 933 watts é maior do que a potência total, o que fisicamente é impossível", explica o professor.
"A potência da cafeteira (933 watts aproximadamente) acaba possuindo um valor maior que a potência total/nominal fornecida (700 watts), o que vai contrário aos conceitos físicos", concorda Bruno Sá, professor do Elite Rede de Ensino.
Por Rayane Macedo, Emily Santos, g1
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