A cantora Preta Gil morreu neste domingo (20), aos 50 anos, em decorrência de um câncer colorretal que evoluiu para metástase — quando o tumor se espalha para outros órgãos. A doença atingiu o peritônio (membrana que reveste a cavidade abdominal), linfonodos e o ureter.

A metástase é um dos principais sinais de que o câncer está em estágio avançado. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), ela ocorre quando células malignas se desprendem do tumor original, entram na corrente sanguínea ou no sistema linfático e alcançam outros órgãos do corpo, onde voltam a se multiplicar.

Como o câncer se espalha?

O processo de metástase é complexo e envolve várias etapas. Primeiro, as células tumorais invadem os tecidos ao redor do tumor inicial. Depois, elas penetram em vasos sanguíneos ou linfáticos (essa etapa é chamada de intravasação) e passam a circular pelo corpo.

Segundo o Inca, nem todas as células sobrevivem a essa viagem — elas enfrentam o ataque do sistema imunológico e as condições adversas da corrente sanguínea. No entanto, algumas conseguem se fixar em outros tecidos, onde voltam a se multiplicar e formar novos tumores. Esse processo é chamado de colonização.

Em muitos casos, a metástase só é descoberta em exames de imagem, quando o paciente já apresenta sintomas relacionados a esses novos focos da doença.

Quais órgãos são mais afetados?

Alguns tipos de câncer têm maior tendência a formar metástases em determinados órgãos. No caso do câncer colorretal, os locais mais comuns são:

- Fígado.
- Pulmões.
- Linfonodos abdominais.
- Peritônio.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), esse padrão ocorre porque essas regiões são altamente irrigadas e acabam funcionando como “filtros” naturais da circulação, facilitando a chegada de células tumorais.

No caso de Preta Gil, médicos haviam identificado tumores em linfonodos, no ureter e lesões no peritônio, o que indicava uma disseminação pela cavidade abdominal.

O que muda com o diagnóstico de metástase?
Quando o câncer se torna metastático, o tratamento costuma deixar de ter foco curativo e passa a ser voltado para o controle da doença, buscando melhorar a qualidade de vida e prolongar a sobrevida do paciente. A depender do tipo e da extensão das metástases, ainda é possível adotar estratégias mais agressivas, como cirurgias e terapias-alvo, além da quimioterapia e imunoterapia.

Foi o que aconteceu com Preta Gil. Após enfrentar ciclos de quimioterapia, radioterapia e duas cirurgias, a cantora seguiu com um protocolo experimental nos Estados Unidos, que incluía medicamentos em fase final de estudo e imunoterapia.

Metástase tem cura?

Apesar de ser considerada um indicativo de estágio avançado do câncer, a presença de metástase não significa necessariamente que a doença é incurável. Em alguns casos, quando as metástases são restritas a um único órgão e podem ser removidas ou controladas, existe possibilidade de remissão prolongada.

Mas a maioria dos casos exige um acompanhamento contínuo, com exames frequentes e ajustes no tratamento ao longo do tempo.

Oncologista do grupo Oncoclínicas e coordenador do conselho da Americas Health Foundation, Stephen Stefani afirma que, mesmo com metástases, alguns pacientes vivem por anos com boa qualidade de vida, especialmente quando o tratamento é iniciado precocemente.

Diagnóstico precoce é fundamental

Ainda segundo o especialista, quanto mais cedo o câncer é diagnosticado, menores as chances de metástase.

Por isso, exames de rastreamento, como a colonoscopia (no caso do câncer colorretal), são importantes, principalmente para pessoas a partir dos 45 anos ou com histórico familiar da doença.

g1
Foto: Reprodução 
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