Provavelmente, você já ouviu a expressão “pavio curto”, sendo utilizada para designar alguém de comportamento explosivo e tolerância zero. Na verdade, esta conduta pode ser sintoma de um quadro psiquiátrico ainda pouco conhecido, o Transtorno Explosivo Intermitente (TEI). Este transtorno é caracterizado por explosões de raiva frequentes e desmedidas, sempre muito desproporcionais a qualquer fato que possa ter acontecido; por condutas impulsivas e que demonstram que a pessoa é incapaz de gerenciar seus impulsos agressivos e que tem baixíssima tolerância à frustração.

Ao serem contrariadas, as pessoas portadoras do TEI podem reagir de forma muito agressiva. Aliás, elas nem precisam ser contrariadas, basta elas suporem intenções ou não gostarem da forma como algo aconteceu para que se instale o caos. Assim, uma coisa pequena e sem muita importância, pode adquirir proporções gigantescas. Suas explosões de raiva podem ser leves ou severas, vão desde gritos, ameaças, xingamentos, gestos obscenos, quebra de objetos independentes de valor, até agressões físicas com lesões corporais e destruição de patrimônios e propriedades. Essas reações nunca são premeditadas, são ataques agressivos repentinos, são impulsos provenientes da raiva e que não tem restrição de hora e nem de lugar para acontecer.

Depois de ter o ataque de fúria é comum a pessoa sentir-se envergonhada, culpada por não ter se controlado e triste em função do acontecido, porém ela continua achando que a sua reação foi resultado do comportamento da outra pessoa e que, se o outro não a tivesse provocado ou agido daquela maneira, nada teria acontecido. Pois bem, imagine a imensa dificuldade em conviver com uma pessoa que é capaz de transformar uma ida a um supermercado ou farmácia numa imensa confusão e briga; e que uma simples carona pode desencadear uma tremenda confusão no trânsito. Medo e a vergonha fazem parte da rotina de quem convive com alguém com TEI.

A vida de quem não consegue controlar seus impulsos agressivos também não é nada fácil, pois elas convivem diariamente com a instabilidade, que elas mesmas provocam em suas vidas (e que lhe causam imensos prejuízos pessoais e profissionais) e nas de quem com elas convivem. Por serem impulsivas e descontroladas, desconhecem o que é tranquilidade e paz; vivem uma instabilidade afetiva em razão de não conseguirem controlar seus sentimentos e emoções e, com isso, afastam as pessoas do seu convívio. Solidão tende a ser um prognóstico bem realista para a vida dessas pessoas, caso não busquem tratamento especializado.

As causas do TEI, como na maioria dos quadros psiquiátricos, são decorrentes de fatores biológicos, sociais, ambientais e psicológicos e, tem-se constatado a existência de outras pessoas na família com o mesmo comportamento. A maior prevalência dos casos ocorre nos homens, que costumam apresentar as primeiras manifestações da doença em torno dos 13 anos. Também, é importante ressaltar que os ataques agressivos não são devidos ao uso de substâncias como o álcool, outras drogas e medicamentos (a pessoa se enfurece de “cara limpa”).

A vida da família que tem alguém com o Transtorno Explosivo Intermitente é muito penosa, desgastante e difícil. Crueldade é uma coisa, doença é outra, e só os profissionais da área conseguem fazer esse diagnóstico e afastar a ocorrência de qualquer outra condição psicológica. Porém, qualquer pessoa consegue perceber que ter ataques de fúria frequentes e por qualquer coisa não é “normal”, certo?

ZILDINHA SEQUEIRA 
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