Um estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) divulgado nesta terça-feira (5) mostrou que o consumo de álcool mata 12 pessoas por hora no Brasil. Esse número foi calculado a partir da média entre os 104.800 óbitos motivados pelo uso da substância registrados pela Organização Mundial da Saúde em 2019. A pesquisa também constatou que o país teve um custo de R$ 18,8 bilhões devido a consequências causadas por bebidas alcoólicas em 2019.
Cerca de R$ 1,1 bilhão desse montante foi destinado a internações e procedimentos ambulatoriais pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Os outros R$ 17,7 bilhões foram gastos para cobrir as despesas relacionadas à degradação da saúde do trabalhador em decorrência do álcool, como morte prematura, licenças médicas e aposentadorias antecipadas por doenças causadas pela substância e perda de dias trabalhados.
Estima-se que, em 2019, foram gastos R$ 47,2 milhões em assuntos previdenciários, R$ 16,2 milhões com mortes prematuras por álcool e R$ 644,2 milhões para cobrir faltas no serviço por internação.
Em 2024, o governo federal gastou 8,6% do orçamento total da saúde com casos relacionados ao consumo de álcool. Além disso, o valor destinado para o cuidado de doenças pela substância foi seis vezes o que a gestão pretende investir em alfabetização até 2026. A Fiocruz explica que o custo real do consumo de álcool para o Brasil pode ser muito maior do que o calculado.
O diretor-executivo da empresa Vital Strategis, que solicitou a produção do estudo, Pedro de Paula, afirma que o consumo de álcool no país tem impacto significativo na saúde da população e custa muito aos cofres públicos. Segundo ele, seria necessário pensar em medidas para desmotivar a compra dessas bebidas.
“Nesse cenário, fica clara a necessidade de adoção de medidas como o imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas. Essa é uma das ações recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para reduzir o consumo de álcool e, consequentemente, seu impacto negativo. Com a redução do consumo, podemos salvar vidas e reduzir os impactos sociais do álcool, poupando bilhões de reais todos os anos”, conclui.
Aumento de consumo entre mulheres
O estudo apontou que os gastos do SUS com a internação de mulheres relacionada ao álcool é 80% menor que o dos homens. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, as mulheres consomem menos, sendo 31% das pessoas que beberam álcool nos 30 dias anteriores à realização da pesquisa, enquanto homens representaram 63%.
O pesquisador responsável pelo estudo, Eduardo Nilson, explica que as mulheres costumam procurar mais os serviços de saúde, o que ajuda no diagnóstico e no tratamento. “Quando os homens procuram o serviço de saúde possivelmente já estão com a saúde muito mais comprometida, o que acarreta mais hospitalizações”, diz.
Apesar das ocorrências serem maiores na parte dos homens, dados do Vigitel entre 2006 e 2023 mostram que o uso abusivo de álcool quase dobrou entre mulheres. A diretora adjunta de doenças crônicas não transmissíveis da Vital Strategies, Luciana Sardinha, afirma que essa mudança de comportamento aumenta o alerta para uma tendência de consumo maior.
“É preciso um olhar muito cuidadoso para a população feminina a fim de frear esse crescimento estimulado por mudanças culturais e pelo próprio esforço da indústria de bebidas em deixarem seus produtos com um apelo mais unisex”, conclui.
R7
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